v. 2 n. 1 (2023): Povos indígenas do Nordeste: vivências e experiências
Nos últimos anos, a produção historiográfica sobre os povos indígenas no Brasil foi reorientada e passou a considerá-los como atores protagonistas nos processos históricos, ao invés de rotulá-los apenas como vítimas que assistiram passivamente o desenrolar dos acontecimentos, quase sempre considerados como “extintos” desde o período colonial. No século XX, após incessantes movimentos de emergências étnicas, a promulgação da Constituição Federal de 1988 marcou decisivamente o reconhecimento das diversidades indígenas que compõem o Estado nacional. Em Alagoas, o mencionado documento serviu para embasar as mobilizações de vários povos em busca de reconhecimento oficial, um importante subsídio para as cobranças de demandas específicas, tais como saúde e educação. Desse modo, como forma de dar um retorno social aos 12 povos indígenas oficialmente reconhecidos em Alagoas, o Curso de Licenciatura Intercultural Indígena (CLIND), vinculado à Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) têm prestado um relevante serviço social ao formar docentes que atuarão em diversas áreas da Educação Básica, potencializando a permanência de muitos/as indígenas no Ensino Superior em um estado marcado por alarmantes desigualdades fundiárias, políticas e educacionais, onde apenas uma ínfima parcela da população desfruta dos disputados espaços acadêmicos. Assim, a proposta do dossiê “Povos indígenas do Nordeste: vivências e experiências” objetiva receber trabalhos resultantes dos anais do XI Abril Indígena e do IV Estudos Cooperados do CLIND (UNEAL), realizados em julho de 2022. Nosso intuito será contribuir para repensarmos os papéis de agentes históricos indígenas que foram invisibilizados desde o período colonial, apesar das impagáveis contribuições para a formação e consolidação do Estado nacional.
Adauto Santos da Rocha (UFRRJ)
Deisiane da Silva Bezerra (UFRPE)