O Mulungu (Erythrina velutina Willd) como elemento de manifestação etnocultural na região da zona rural do município de Arapiraca-AL, Nordeste do Brasil.

Resumo

Pesquisar a etnocultura de uma região é um desafio que a modernidade coloca frente ao processo de construção do conhecimento. Neste sentido, o artigo procura compreender como vem se dando esta realidade, no contexto das relações etno + botânica  ou etno + cultura na região agreste do Estado de Alagoas, tendo como pano de fundo a planta, denominada mulungu (Erythrina velutina Wild) para que se vislumbre um caminho para a ecologia e conservação da espécie. O mulungu é uma planta nativa desta região, caracterizada por duas estações bem definidas, por isto, se assemelha a outras regiões do país, onde também são encontrados os gêneros Erytrina, Velutina, os dados revelam que existem as relações etnobotânicas e neste caso é importante destacar o processo de conservação das plantas, quando os moradores fazem cerca que delimitam a propriedade, plantando literalmente a espécie, bem como a confecção de peças anatômicas para rituais sagrados. O trabalho consistiu na coleta de informações sobre a presença da espécie mulungu (E. velutina Wild) a ser estudada ao longo do rio Coruripe na região delimitada da pesquisa. Cada entrevistado foi consultado sobre moradores que conheciam o uso da planta e onde existia uma planta, na metodologia da “bola de neve”, onde um informante indica outro. Foram realizadas 23 entrevistas. A faixa etária dos entrevistados compreendeu de 25 a 73 anos. A maioria revelou conhecer a espécie e que usa as plantas medicinais em chás e outros modos. Os usuários da espécie mulungu (E. velutina) desempenham um importante papel sócio-econômico nas cidades, pois a utilização de espécies medicinais reduz e, muitas vezes chegam a eliminar gastos com medicamentos farmacêuticos que para algumas famílias brasileiras. A confecção de peças anatômicas é um meio de busca de emprego e produção de renda. O conhecimento sobre os diversos usos da planta pode contribuir para a sua conservação na região da pesquisa.