“XICÃO” XUKURU DO ORORUBÁ
um Cacique habitando dois mundos
DOI:
https://doi.org/10.48017/rc.v1i1.338Palavras-chave:
Xukuru do Ororubá. Mobilizações pela terra. Rituais. Mártir-encantado. Cosmopolítica.Resumo
Na cosmologia dos Xukuru do Ororubá habitantes em Pesqueira e Poção/PE, os Encantados são seres que passaram pela experiência da morte física. Mas, não há individualização de nenhum deles, todos são citados genericamente como grandes heróis que morreram enquanto lutavam pelo povo indígena. Ao ser assassinado, “Xicão” Xukuru do Ororubá passou a povoar o panteão dos Encantados, mas como indivíduo, o encantado, e não “um encantado”. Sendo inclusive narrado como uma pessoa com habilidades de encantado mesmo antes da morte física. A partir de referências bibliográficas e principalmente entrevista com indígenas, discutimos a noção de encantado, após do assassinato do líder indígena e os significados do mártir-Encantado “Xicão” ao ser individualizado como “Mandaru”. A força e presença do líder são descritas no ritual do Toré, reconhecidas nos aspectos da Natureza e nas relações dos Xukuru do Ororubá com os não-indígenas. Neste sentido, o nome do Cacique materializa-se nas reivindicações por direitos coletivos (terra, saúde, educação, entre outros) e transforma suas experiências pessoais em atos extraordinários. Ao narrar sobre o Cacique morto como “mártir-encantado” os Xukuru do Ororubá transformam “Xicão” num operador das relações entre pessoas, coisas e mundos.
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